sexta-feira, 14 de maio de 2010

Dois partidos social-democratas


Por mais que o neguem, já ninguém com um mínimo de neurónios deixa de ver o que se esta a passar.

Provavelmente, pouco importa discutir em que consiste a social-democracia, porque a informação sobre essa ideologia ficou escondida na Alemanha e remetida para um caixote de lixo, como se fez aqui com o marxismo-leninismo. Importa, sim, é compreender que o PSD e o PS não são assim tão diferentes e não vale a pena andar a fingir que são.

Questões que têm a ver com a história da sociedade portuguesa empurraram o PPD para a social-democracia e cunharam-lhe o nome de PSD. Foi uma caminhada e tanto, guiada pelos barões do partido que queriam um nome europeu, respeitável, com posição cativa no Parlamento Europeu. O PS, alimentado pelos social-democratas alemães, com um forte partido comunista no território, dotado de intenções golpistas, não teve outra solução. Arrumou o marxismo na gaveta, apoiou as revisões constitucionais que o eliminaram do texto fundamental, e marchou alegremente para uma social-democracia também. Forças diversas, mas presentes ao tempo da evolução destas máquinas partidárias, empurraram-nas para o mesmo lugar do espectro político.
Pode ser que o PSD seja uma social-democracia mais evolucionista e que o PS esteja numa posição mais jacobina, cheia de gente das lojas. Pode ser que o primeiro tenha mais sentido de Estado e o segundo não compreenda bem a quintarola que administra, tal como as cooperativas nunca compreenderam as quintas que ocuparam no pobre Alentejo.
Todavia, o facto é que entre os dois há pouca diferença e as guerras são para o povo tolo ver. Os problemas portugueses arrastaram-se com estes dois partidos até um exacerbamento louco, que nos faz pensar que aquilo que um não faz o outro não consegue fazer e aquilo em que um erra o outro não é capaz de emendar. A questão vale para justiça: quem julga quem? O que se tem visto, depois de muitas aparentes guerras, é que ninguém tem culpa de nada e tudo fica na mesma como a lesma.
É possível mudar?
Esta pergunta tem sido feita recorrentemente em Portugal, e com boa intenção. Trata-se de saber se as coisas podem melhorar. Acabar com os grandes gatunos, com o banditismo, acelerar a justiça para níveis aceitáveis, securizar a vida do cidadão, acabar com a mania da burocracia, acabar com os privilégios dos que mandam, e seus amigos e capangas, administrar subsídios a quem apresenta produção, deixar criar livremente empresas, criar um tecido social sólido e amigo dos empreendedores, livrarmo-nos dos parasitas que se estendem pelos sindicatos, acabar com as empresas estatais que só dão prejuízo e não servem para nada (caso paradigmático da TAP e da RTP) e começar a preparar pessoas para pensar. Um país não se faz só de inteligência e informação científica, mas isso ajuda poderosamente.
Não sou um fã de Israel, mas não se pode ignorar que um Estado que, quanto a dimensão, é o centésimo mais pequeno do mundo, seja também o que possui 30 prémios Nobel na Química, 26 na Economia, 53 na Fisiologia e Medicina, 47 na Física e 13 na Literatura. Mas por detrás disto está a qualificação da sua mão-de-obra. Quase toda licenciada. É o país que tem mais museus por habitante, mais computadores por habitante, que lidera a investigação médica, que entra no século XXI com mais árvores do que aquelas que tinha, que ocupa o segundo lugar na localização de empresas de desenvolvimento, sendo ultrapassado apenas pelo Sillicon Valley.
Não é por acaso que quatro jovens israelitas tivessem desenvolvido a tecnologia da AOL Internet Messenger ICQ, em 1996; que a tecnologia Pentium MMX tenha sido desenvolvida pala divisão israelita da Intel; que os sistemas de Windows NT e XP tenham sido desenhados pela Microsoft Israel; enfim, que técnicas para diagnosticar doenças nos intestinos, na degenerescência das veias, no coração, estejam a solicitar a atenção dos americanos. Mais: que tenham a melhor rede de segurança interna e a aviação mais segura do mundo.
É certamente pouca gente, como nós. Mas os dirigentes não andam a dormir na forma, não se obcecaram com o medo de represálias internacionais, os físicos fizeram a bomba, os médicos trabalham. A população produz e é religiosa e os estudantes estudam.
Que tal começarmos por contar as árvores e verificar quantas temos a menos na piromania que tomou conta do rectângulo com a fraca qualidade de justiça que pune esta destruição? É possível mudar? Tudo depende de nós. Se quisermos copiar, e em vez de olhar para Bruxelas, não seria mau olhar para o mar. Onde temos a maior parte do território

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